Declaração do MES
Porque saímos da Conlutas
O MES decidiu sair da CONLUTAS porque tornou-se impossível mudar o curso político que o PSTU imprimiu a esta organização, e que impede que a mesma seja uma instância de frente única sindical para unir os lutadores e lutadoras e avançar na reorganização do movimento operário brasileiro.
Junto com os companheiros do MAS (Movimento de Ação Sindical) e do MTL (Movimento Terra Trabalho e Liberdade) travamos uma luta política no periodo de preparação do CONAT para disputar que esse congresso fosse um ponto de apoio para avançar na construção de um pólo sindical que sirva para abrir processo de construção de uma nova central sindical classista e unitária. Mas a direção do PSTU, que é quem conduz a CONLUTAS, fechou essa possibilidade. A política que vinha impondo o PSTU à CONLUTAS se consolidou na última reunião de coordenação com propostas que vão no sentido da auto-afirmação da CONLUTAS ao redor da política nacional e internacional do PSTU.
Isto é o que será o CONAT, sem nenhuma possibilidade de mudança como conseqüência da deformação do peso das representações estudantis e populares em relação às organizações sindicais. O PSTU tinha um dilema frente ao CONAT: ou fazia do Congresso uma instância para avançar até uma verdadeira frente única dos trabalhadores ou consolidava sua posição de controle através de uma maioria constituída pelo controle do aparato.
O movimento sindical encontra-se em uma posição de lutas defensivas; são o governo e a patronal que estão na ofensiva. Esta situação foi facilitada pela cooptação da CUT e a conseqüente desorganização que provocou nas organizações dos trabalhadores.
Frente a esta situação crescem os setores descontentes e as oposições sindicais da qual a CONLUTAS é uma parte importante, embora não seja um pólo determinante objetivo. Tinha a oportunidade real de avançar substancialmente nesse sentido. Mas para isso deveria abrir-se para a unificação com outros setores avançados que surgiram como a INTERSINDICAL, e desenvolver um programa classista de luta contra o governo e a burocracia sindical.
Um programa mínimo de frente única que incorpore as reivindicações mais caras aos trabalhadores, que parta de suas necessidades e problemas. Programas deste tipo permitiram fortalecer os sindicatos combativos e organizar oposições sindicais. As chapas que se formaram nesse último período são parte de um processo muito mais amplo que o que sustenta a CONLUTAS. Foi o que ocorreu com o CPERS/RS onde se formou uma chapa que agrupa setores da CUT, CONLUTAS e INTERSINDICAL e que acaba de ganhar a eleição. Algo similar aconteceu na eleição da APEOESP, e no sindicato dos petroleiros do RS.
Está demonstrado que se pode avançar na construção de um novo pólo sindical desenvolvendo uma política e um programa que parta das necessidades e dos problemas dos trabalhadores em seus enfrentamentos com a patronal e o governo. A vanguarda e os setores de base descontentes que romperam com a CUT pelo desprestígio que esta organização possui, precisam de uma frente única ampla e aberta.
Mas o PSTU defende algo totalmente diferente para a CONLUTAS: um programa socialista quase acabado que abarca os problemas político-estraté
A prova disso é como foi preparado o ELAC. O PSTU concebeu o ELAC vinculado à política que defende para a América Latina, que considera todos os governos lacaios do imperialismo e que devem ser derrotados, pondo no mesmo saco Uribe, Lula, Evo Morales e Chavez. Desta forma é impossível intervir na real luta de classes de nosso continente e desenvolver a solidariedade internacionalista.
Defendemos a autonomia das organizações dos trabalhadores, mas não para ser abstencionista diante dos reais enfrentamentos da luta de classes. A única localização para os trabalhadores é a de estar ao lado dos governos que avançaram nas nacionalizações e nas medidas democráticas progressivas e defendê-las ante o enfrentamento sistemático que fazem à direita e ao imperialismo, que pretendem desgastar e derrubar esses governos.
Mas isto não é o que quer o PSTU. Quer formar uma coordenação que servirá para defesa de sua posição política, que considera que o que está colocado como tarefa aos trabalhadores é a derrota desses governos. Assim o PSTU defendeu o voto no NÃO no referendo constitucional da Venezuela e a defesa da RCTV frente a não renovação de sua concessão pelo Governo Chávez.
Em suma, a forma como foi concebido e convocado esse evento está longe de servir para coordenação de luta dos trabalhadores e povos da América Latina e não significa nenhum avanço no Brasil que ajude a somar forças e avançar na necessária unificação da vanguarda sindical brasileira. Pelo contrário, a tendência é que a CONLUTAS se organize ao redor de uma política que não é só equivocada mas que também – e esse é o ponto fundamental – divide a vanguarda lutadora. É uma forma de romper a política de frente única que só se pode construir ao redor de acordos básicos como na luta contra a patronal, o governo, a burocracia e pela a mobilização de massas.
A política de frente única exige também o respeito às diferentes organizações, correntes e posições políticas que formam parte da mesma. O golpe mais grave que impuseram à CONLUTAS é de se pôr em votação todas as diferenças. Uma organização de trabalhadores pode votar sobre questões sindicais e da luta de classes elementar, mas votar sobre todos os temas, direção, estratégia e tática socialista e orientações internacionais é liquidar toda possibilidade de estabelecer uma verdadeira frente única.
Uma organização que vote sobre tudo, não pode terminar em outra coisa que não uma colateral do PSTU, essa não é uma verdadeira frente única dos trabalhadores.
O MES seguirá trabalhando em todas as organizações de trabalhadores, sindicatos, oposições sindicais para avançar em uma verdadeira política de frente única que permita avançar na unidade classista para lutar contra o governo e a burocracia. Somaremos-nos a todos os esforços que farão nesse sentido numerosos lutadores, organizações sindicais e nosso partido, o PSOL, no próximo período.
MES (Movimento Esquerda Socialista)/
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