Há meses os movimentos sociais e sindicatos de Honduras organizam uma consulta popular sobre a convocação de uma Assembléia Nacional Constituinte e exigindo o retorno de cerca de 200 hondurenhos/as exilados/as, incluindo o presidente constitucional Manuel Zelaya. A Frente Nacional de Resistência Popular já alcançou quase meio milhão de assinaturas na consulta que deve continuar até 28 de junho, quando se completa um ano de ditadura em Honduras. Manuel Zelaya foi derrubado por um golpe de Estado no dia 28 de junho do ano passado. O golpe de Estado se deu no dia em que aconteceria uma referendo sobre incluir ou não uma quarta urna nas eleições de Novembro daquele ano para os hondurenhos votarem se queriam ou não uma Assembléia Constituinte. Isso irritou a oligarquia hondurenha que, com o apoio de militares dos Estados Unidos, derrubou o presidente e instalou uma ditadura que dura até hoje. Este referendo de 2009 foi organizado por Zelaya porque os movimentos sociais apresentaram uma consulta semelhante a que estão fazendo agora com cerca de 600 mil assinaturas pedindo a Assembléia Constituinte. A Constituição hondurenha foi feita em 1982 durante um período de ditadura, sem consultar o povo, por isso a vontade popular de mudá-la.
Desde a posse de Pepe Lobo, em janeiro desse ano, eleito em uma votação que contou com menos de 40% da população numa eleição sob regime ditadorial, as violações aos direitos humanos aumentaram contra a população que resiste ao golpe de Estado. Mais de 700 denúncias de violações aos direitos humanos foram recebidas pelo Comitê de Familiares de Detidos e Desaparecidos em Honduras (COFADEH), que supõe existirem muitas mais, já que a maioria das pessoas não denuncia com medo de represálias. A maior parte das violações são cometidas pelo próprio poder executivo. Em cerca de 6 meses, foram 12 assassinatos por razões políticas; 63 ameaças de morte; 58 detenções ilegais, além de sequestros, agressões sexuais, invasões de domicílio e outras formas de ataque à população.
Na região de Zacate Grande, o exército e a polícia invadiu casas e fechou a rádio comunitária La Voz de Zacate Grande procurando cinco dirigentes do Movimento de Recuperação e Titulação de Terras de Zacate Grande; nesse movimento as famílias se organizam para lutar por sua terra. Miguel Facussé, um dos latifundiários hondurenhos que articulou e apóia o golpe, diz que as terras da região pertencem a ele, apesar da população viver ali há mais de 100 anos. Na região de Bajo Aguán, o exército também interviu a favor de Miguel Facussé em conflito com camponeses da região.
Editoriais anteriores
Aumentam as violações de direitos humanos em Honduras | [Honduras] A Resistência alcança quatrocentas mil assinaturas para a Constituinte | Militares fecham as transmissões da rádio La Voz de Zacate Grande
Mais Informações (em espanhol):: CMI Honduras | Rebelion.org | COPINH | Honduras Resists! | defensoresenlinea.com
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