Nos últimos quatro anos, o número de homicídios cresceu 50% na Bahia. A taxa de assassinatos em Salvador é cinco vezes maior da que a ONU estabelece como suportável para grandes cidades.
A polícia da Bahia registrou 25 assassinatos, neste fim de semana, em Salvador. E na cidade de Crisópolis, a 200 quilômetros da capital baiana, outras sete pessoas foram mortas. Os números da violência no estado têm crescido de forma assustadora.
Na maioria dos bairros da capital baiana, moradores vivem com medo de sair de casa. "A partir de 19h, ninguém bota a cabeça do lado de fora, porque, se sair, pode não voltar".
As estatísticas oficiais explicam este sentimento: nos últimos quatro anos, o número de homicídios cresceu 50% na Bahia. E, em Salvador, o aumento foi de 70%.
Por 24 anos, o módulo policial funcionou nos bairros como posto de socorro da segurança pública. Era o primeiro lugar que os moradores buscavam nos momentos de perigo, quando se sentiam ameaçados, atingidos pela violência.
Hoje, no lugar dos módulos, carros da polícia fazem as rondas pelos bairros. "Quando a gente encontra uma viatura, o pior já aconteceu. Na época dos módulos policiais, nos sentíamos mais seguros", afirmou o líder comunitário Gil de Leon.
"Nós estamos optando por algo que possibilite maior mobilidade e que atenda não somente aquelas pessoas que moram junto ao módulo, mas também à comunidade que mora nas ruas de dentro dos bairros", disse Sergio Luiz Baqueiro, coronel da PM.
A ameaça também atinge os policiais que moram em áreas controladas pelo tráfico. Por precaução, na hora de sair para trabalhar, a farda da PM vai dentro da bolsa.
"Morar na mesma área em que o bandido, em que o marginal mora, e sair fardado, é assinar uma sentença de morte".
A taxa de homicídios em Salvador - 61 por 100 mil habitantes - é cinco vezes maior da que a ONU estabelece como suportável para grandes cidades: 12 por 100 mil. Os números no estado também são altos: 36 por 100 mil habitantes.
"Esse crescimento da criminalidade se deve à ineficácia do sistema de contenção da violência, que envolve outras instâncias do estado, que não é só a polícia. Nós temos aí a educação, a saúde, a assistência social e a Justiça, que não estão atuando a contento", declarou o antropólogo Carlos Costa Gomes, do Observatório da Segurança Pública.
A Secretaria da Segurança Pública tem o mapa do tráfico em Salvador. "Exatamente pra fazer com que a polícia permaneça no local. Foi esse o resultado de um trabalho que foi feito no Rio de Janeiro e esse trabalho vamos executar nos últimos quatro anos", disse Maurício Barbosa, secretário de Segurança Pública.
No interior da Bahia, uma onda de assaltos a bancos tem apavorado as pequenas cidades. Uma agência, em Teodoro Sampaio, no Recôncavo, ainda não voltou a funcionar porque foi destruída pelos assaltantes.
Os bandidos utilizaram dinamites e explodiram os caixas eletrônicos. Levaram o dinheiro e fugiram sem perseguição.
Três policiais é todo o efetivo da cidade de 10 mil habitantes. "Antes, eu dormia de janela aberta, tranquila. Hoje, eu tranco tudo e fico morrendo de medo", admitiu a dona de casa Nancy Gazar.
Por nota, a Secretaria de Segurança Pública da Bahia informou que em janeiro houve uma redução na taxa de homicídios na Região Metropolitana de Salvador, em relação ao mesmo período do ano passado.
E que isso é resultado da implantação de programas de proteção ao cidadão e da incorporação de mais de dois mil novos policiais militares.
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