sábado, 6 de agosto de 2011

Violência: a violência como resposta!

 "Parece-me bem insignificante
                                                                                          a coragem que acha                               temíveis certas verdades." Sócrates

Bahia: "nos últimos quatro anos, o número de homicídios cresceu 50% e a taxa de assassinatos em Salvador é cinco vezes maior da que a ONU estabelece como suportável para grandes cidades" foi publicado no Jornal Nacional, edição do dia 07/02/2011. Isso é um contínuo e não é nenhuma novidade. A Bahia tinha, em 2002, 13 homicídios por 100 mil habitantes; em 2007, já eram 25,7 — um salto de 97%!

Tendo em vista que o projeto capitalista não vislumbra toda a população e não possui capacidade para oferecer empregos e renda para todos e todas, relegando a maioria à exclusão, é necessário haver intensa manipulação ideológica para manter a ordem das coisas, legitimando certas práticas por parte dos detentores do poder.

A Bahia figura-se entre os estados mais violentos. Salvador é a terceira cidade mais populosa do Brasil e a maior em desigualdades socioeconômicas; mal administrada há muito tempo, não investe em políticas social, educacional, cultural, de moradia e mobilidade da população sem condições de vida digna. E sem análise de contexto social não se pode falar em formular e planejar uma política de direitos humanos.

O "debate" que envolveu os deputados estaduais Capitão Tadeu e Yulo Oiticica, questionando a brutal violência institucionalizada e "quem deve morrer, se bandidos ou policiais" e "direitos humanos", é no mínimo patético. Ambos da base governista tergiversam o real problema da violência e insegurança urbana do governo Wagner, que silencia e abafa crimes, por priorizar setores que concentram ainda mais a injustiça social geradora da insegurança.

Quem vai contra esta realidade de violência, que está instaurada na Bahia, sob a alegação de defesa da justiça, da segurança e dos direitos humanos?

No governo Wagner há uma matriz da violência consentida e tolerada pelos crimes de contingências políticas. Crimes como o assassinato, numa emboscada, do professor e presidente da APLB de Porto Seguro, Álvaro Henrique Santos e do seu amigo Elisney Pereira, em 2009, envolvendo partidos da base do governo. Assassinatos do diretor Tesoureiro do Sindicato dos Rodoviários, Paulo Colombiano e da secretária do Comitê Estadual do PCdoB, Catarina Galindo, em 2011. Quem desses deputados lutaram, gritaram para prender os verdadeiros "culpados"?

Podemos caracterizar "crimes" também contra os direitos e cidadania o descaso do governo Wagner e dos parlamentares governistas em debater e negociar por quase dois meses com os professores das universidades estaduais da Bahia (UEBAS), numa greve legítima, enquanto o governo passou uma imagem de greve sem justificativa e sem causa. 

Responsabilidade do governo a instauração crescente da violência e crimes contra crianças, adolescentes, jovens, homens, mulheres, que estão morrendo em assaltos nas sinaleiras, em sequestro-relâmpago, crimes que a polícia não pode combater, mas pode ser combatido por um governo responsável, sério, comprometido com mais investimento público para   promover e garantir dignidade, ampliar e qualificar as políticas públicas de educação, saúde, distribuir equitativamente a riqueza, evitar desvios de verbas públicas, ampliar os espaços de participação da sociedade, garantir relações de trabalho que estejam baseados nos direitos humanos, ao invés de exploração e desrespeito.

Que será preciso para ser político? Os políticos amigos do poder acatam, obedecem, louvam os poderosos e enganam ao povo, curvam-se, dizem lutar pelos direitos humanos, dizem lutar por melhores condições de trabalho para as classes dos trabalhadores. Estão no poder, são omissos ou são coniventes com as decisões do governo estadual e nada falam e fazem para mudar a política perversa, injusta, geradora da insegurança, que viola os direitos elementares do ser humano. De que lado está a Lei? Apesar de tudo, as coisas andam. A cada dia mais e mais pessoas vencem a ignorância, a apatia e o egoísmo; participam de ações cidadãs, livres e conscientes no mundo.

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