Caros vejam uma entrevista minha a um dos maiores sites de Notícias do Estado.
Pré-candidato a vice-governador da Bahia pelo PSOL, o técnico em Meio Ambiente Ronaldo Santos, 34 anos, parte para o ataque contra seus principais rivais, os também pré-candidatos a vice Joaci Góes (PSDB) e João Leão (PP). Em entrevista ao Bahia Notícias, o socialista diz que "existe uma disputa pau a pau para ver quem é o pior candidato a vice entre Joaci Góes e João Leão". Ele ainda afirma que tanto "os carlistas quanto os petistas não deram nenhum avanço significativo nestes três pontos principais: saúde, educação e segurança". As críticas do candidato do PSOL também sobram para o atual vice-governador e pré-candidato ao Senado, Otto Alencar (PSD). "Representa todo o atraso da Bahia nesses últimos anos. É um profissional da política que senta no colo de quem oferece mais", acusou. Por fim, Ronaldo se posicionou a favor das manifestações contra a Copa do Mundo e da última greve da Polícia Militar na Bahia, apesar de o último movimento não ter obtido apoio popular. "Se nós formos colocar em consideração o que a maioria da população pensa sobre cada tema, nós, por exemplo, não estaríamos defendendo a bandeira LGBT. Cabe a nós tentarmos gradativamente conscientizar a população de que, se existiu a necessidade de greve, é porque o governo durante nove meses não teve a capacidade de dialogar com aquele grupo de trabalho que ele mesmo criou", pontuou.
BN: Essa conversa pode alterar os candidatos da chapa majoritária do PSOL?
Ronaldo Santos
por Evilásio Júnior e Lucas Cunha | Fotos: Júlia Belas | Bahia Notícias
Pré-candidato a vice-governador da Bahia pelo PSOL, o técnico em Meio Ambiente Ronaldo Santos, 34 anos, parte para o ataque contra seus principais rivais, os também pré-candidatos a vice Joaci Góes (PSDB) e João Leão (PP). Em entrevista ao Bahia Notícias, o socialista diz que "existe uma disputa pau a pau para ver quem é o pior candidato a vice entre Joaci Góes e João Leão". Ele ainda afirma que tanto "os carlistas quanto os petistas não deram nenhum avanço significativo nestes três pontos principais: saúde, educação e segurança". As críticas do candidato do PSOL também sobram para o atual vice-governador e pré-candidato ao Senado, Otto Alencar (PSD). "Representa todo o atraso da Bahia nesses últimos anos. É um profissional da política que senta no colo de quem oferece mais", acusou. Por fim, Ronaldo se posicionou a favor das manifestações contra a Copa do Mundo e da última greve da Polícia Militar na Bahia, apesar de o último movimento não ter obtido apoio popular. "Se nós formos colocar em consideração o que a maioria da população pensa sobre cada tema, nós, por exemplo, não estaríamos defendendo a bandeira LGBT. Cabe a nós tentarmos gradativamente conscientizar a população de que, se existiu a necessidade de greve, é porque o governo durante nove meses não teve a capacidade de dialogar com aquele grupo de trabalho que ele mesmo criou", pontuou.
Bahia Notícias: Já está definido qual será o local da convenção do PSOL?
Ronaldo Santos: Nossa convenção será no dia 14 de junho, a partir das 10h, na sede dos bancários, na Avenida Sete, quando todos os nossos pré-candidatos a deputado federal e estadual e a chapa majoritária estarão presentes.
BN: Qual será a principal bandeira do PSOL para a campanha estadual?
RS: Em todas as campanhas, os pontos que prevalecem são as questões da saúde, educação e segurança. Não basta fazer o debate e não colocarmos as nossas propostas. Os governos anteriores, tanto os carlistas quanto os petistas, não deram nenhum avanço significativo nestes três pontos principais. Na segurança pública, nós tivemos só no governo do PT duas movimentações grevistas da PM. No governo carlista, nós também tivemos uma grande greve, que foi em 2001. Não adianta apenas investir em viaturas, pistolas e colete a prova de bala se não investirmos na base, no ensino primário e médio da educação popular. E também investir em área social. A polícia não vai ser a palmatória do mundo para resolver os problemas de segurança, que não se restringe ao combate da criminalidade. Na saúde, temos um estado precário, onde as pessoas saem do interior para morrer na capital. Não existe um investimento sério e massivo de valorização dos profissionais da saúde. A questão é na regulação da saúde, onde o dinheiro público é desviado para entidades privadas. E na questão da educação, tivemos nesse governo recente uma greve que durou mais de quatro meses. A educação no estado não tem melhorado, estamos vendo o sucateamento das escolas e universidades públicas.
BN: Qual a principal crítica do PSOL ao atual governo de Jaques Wagner?
RS: A principal foi o governo não ter escutado os profissionais dessas áreas e ter escutado apenas os seus secretários.
BN: O atual vice-governador e pré-candidato ao Senado pela chapa governista, Otto Alencar, disse em entrevista ao Bahia Notícias que defende a redução da maioridade penal e a pena de morte em crimes hediondos e reincidentes. Qual sua opinião sobre o tema?
RS: Otto representa todo o atraso da Bahia nesses últimos anos. É um profissional da política que senta no colo de quem oferece mais. Defender a maioridade na posição que ele está é muito fácil. Quero ver ter a coragem e competência de fazer um debate com a sociedade. E se isso deu certo nos países que fizeram e redução da maioridade penal. Muita gente cita os Estados Unidos. Em alguns estados de lá, as pessoas vão presas com 12 anos e até 10 anos de idade, em algumas comarcas dos Estados Unidos. Mas se a gente pegar as estatísticas da redução da criminalidade, a gente vai ver que não reduziu em nada, apenas aumentou a criminalidade dentro dos Estados Unidos, por exemplo. Jovens são presos, condenados e vão para uma faculdade da criminalidade. Ficam lá juntos com criminosos de alta periculosidade, depois são soltos e vão conviver na sociedade, já profissionalizados dentro da criminalidade. A redução da maioridade penal não resolve o problema da segurança e da violência. Se o Otto Alencar tivesse a competência e a mesma energia que ele usa para defender a redução da maioridade penal para defender que o Estatuto da Criança e do Adolescente fosse cumprido, ele faria uma boa ação para a humanidade.
BN: E sobre a entrevista de Joaci Góes ao BN, quando ele disse que defende "competitividade" e a "meritocracia" na educação, e também afirmou que o prefeito ACM Neto (DEM) "está certíssimo" ao implantar o programa Alfa e Beto, apesar de contestações de educadores? O que você achou destas declarações?
RS: Existe uma disputa pau a pau para ver quem é o pior candidato a vice entre Joaci Góes e João Leão. Joaci defende que aqueles que são a favor das cotas para negros em universidades merecem ir para o enforcamento. Isso representa um retrocesso imenso na liberdade de expressão da disputa política e das divergências. Joaci não entende nada de educação. Ele devia sentar com profissionais da educação para saber o que ele fala. Ele repete apenas o que uma parcela conservadora e burguesa repete, que é contra as cotas para negros e estudantes de escola pública. Mas eles não têm uma política que coloque aquele estudante da periferia, seja ele negro ou branco da periferia, em um patamar de disputa igual para, quando chegar lá na frente, esse negro e esse branco pobre da periferia não precisar utilizar as cotas. Se existe a necessidade das cotas é porque a disputa não é igual. Por isso, há a necessidade das cotas nesse momento. Mais do que isso, há a necessidade de termos uma educação de qualidade para todos os lados. Tanto para aqueles que tenham a condição quanto para quem não tenha.
BN: Qual vai ser a sua principal marca enquanto candidato? Qual é o principal ponto que seu eleitor vai identificar como sua bandeira?
RS: Caso eleito, eu gostaria de ver implantado um avanço na educação em todo o Estado e não apenas algo concentrado na Região Metropolitana de Salvador. Uma Bahia que fosse atendida tanto na parte da educação, saúde, segurança, investimento na área de tecnologia e profissionalização. E isso fosse distribuído para todo o Estado da Bahia e não apenas ficasse centralizado em Salvador e nas regiões próximas. Para que a gente tenha de fato um Estado socializado e não um Estado onde a gente concentra a riqueza em Salvador. Um Estado que é administrado dessa forma acaba despertando movimentos separatistas, como os que existem na região Oeste e na região Sul do Estado. É preciso que os baianos se sintam de fato baianos e que haja uma administração popular. A gente sabe que é difícil, não existe uma cultura de administração popular e congressos populares. Mas em Macapá, por exemplo, nós do PSOL fazemos congressos populares, onde é a população quem decide as grandes questões da cidade, através dos seus delegados em congressos populares. E as secretarias devem ser eleitas pelos profissionais de cada área. O comandante geral de segurança pública tem que ser eleito pelos profissionais da segurança pública e assim por diante. E não nós lotearemos as secretarias apenas por indicações partidárias que a gente sabe que não tem…
BN: Então, caso o PSOL seja eleito em um cargo majoritário, não haverá indicação dos próprios colegas de partido para os cargos? As indicações seriam técnicas e até de pessoas que estão fora da coligação?
RS: Se nós saíssemos desse caminho, indicássemos companheiros nossos e isso não passasse pelo crivo de assembleias que estivessem lá elegendo os seus secretários, seria uma incoerência por parte do PSOL. Todos os profissionais, aquele militante que é do PSOL e que é dirigente, também vai poder estar lá colocando seu nome para disputar a secretaria.
BN: Mesmo que ele não seja o mais capacitado para a vaga específica, quando algumas pessoas viram gestoras de áreas que não têm pleno conhecimento?
RS: Os professores, por exemplo, não iriam votar para a secretaria de educação em alguém que não tenha a mínima capacidade possível. Teria que ser da área de educação para gerenciar a educação. Assim como também da segurança, medicina, infraestrutura e por aí por diante.
BN: Uma coisa que chamou atenção quando foi anunciada a chapa do PSOL é que são três nomes do mesmo partido e não foi efetivada a Frente de Esquerda. O que foi que aconteceu para o PSTU e o PCB, que sempre marcham com vocês, não entrarem na coligação?
BN: Uma coisa que chamou atenção quando foi anunciada a chapa do PSOL é que são três nomes do mesmo partido e não foi efetivada a Frente de Esquerda. O que foi que aconteceu para o PSTU e o PCB, que sempre marcham com vocês, não entrarem na coligação?
RS: Existem as movimentações nacionais desses três partidos que desde 2006, quando participamos de nossa primeira campanha nacional, com a Heloísa Helena, e esses partidos estiveram conosco. Nós formamos a Frente de Esquerda. Evidentemente que existe uma falha política nos três partidos da Frente de Esquerda, porque ela não pode ser uma Frente de Esquerda apenas no processo eleitoral. Ela tem que existir durante e após o processo eleitoral. Para não acontecer de quando chegarmos lá na frente, que as divergências sejam muito grossas. Um partido acaba indicando um candidato ao governo e um candidato para presidente. Acaba que não há essa sintonia nos três partidos no processo eleitoral. Aqui na Bahia, nós estamos em diálogo com o PSTU e o PCB. Essa semana, a gente já deve ter uma resposta se haverá coligação aqui entre o PSOL, PCB e PSTU. Há uma conversa avançada com o PSTU nesse sentido. Com o PCB também há uma conversa avançada, apesar desses dois partidos terem lançado candidatos a presidentes nacionais. Mas tudo indica que nós vamos ter a Frente de Esquerda aqui na Bahia, mesmo havendo esses problemas que temos na condução durante todo o ano.
BN: Essa conversa pode alterar os candidatos da chapa majoritária do PSOL?
RS: Muito dificilmente alteraria, porque foi uma decisão congressual. Nós tivemos o congresso nos dias 19 e 20 de outubro (de 2013), onde a chapa majoritária completa foi aprovada. Depois do Congresso Estadual do PSOL ,não existe uma outra instância maior do que o congresso para alterar essa correlação de força. A não ser que um dos três candidatos da chapa majoritária comunicasse ao diretório estadual que estivesse abrindo mão de sua candidatura e o diretório estadual decidiria ali através de sua convenção, aprovando ceder a vaga para um dos partidos da frente.
BN: Como você avalia a questão de o PSOL hoje, em termos nacionais, ter figuras da esquerda mais moderadas, a exemplo de Jean Willys, Chico Alencar e Marcelo Freixo, no Rio de Janeiro, ou como o próprio Randolfe Rodrigues, que é candidato à presidência da República e é senador, e aqui na Bahia o PSOL acaba sendo visto como um partido da esquerda mais radical. Há uma distorção entre a orientação nacional do PSOL e a executiva da Bahia ou aqui na Bahia o pessoal não é tão radical quanto se diz?
RS: Nacionalmente nós temos essas figuras assim como temos outras figuras.
BN: Você se sente representado por essas figuras que comentamos?
RS: Totalmente. Por essas figuras, assim como também por outras como a Janira Rocha e o Ivan Valente, que também são companheiros parlamentares. O Edilson Silva, em Pernambuco, o Edmilson (Rodrigues), no Pará, e Clécio Luís, que é prefeito nosso lá em Macapá, no Amapá. Aqui na Bahia, nós também temos essas figuras 'moderadas'. O próprio Hilton (Coelho, vereador de Salvador) é uma figura moderada. Não tem aquele estilo do Ivan Valente, por exemplo. Temos o companheiro Marcos Mendes, que já tem outro estilo, um estilo mais despojado, sem nenhuma temeridade. Temos o companheiro Hamilton, assim como outros companheiros. Não existe uma orientação nacional para que o partido em um estado "a" e na cidade "b" seja mais moderado ou menos moderado. Nós temos pessoas evangélicas, espíritas, católicos, candomblecistas, ateus, cada um tem a sua personalidade.
BN: Você se encaixa em qual perfil desses?
RS: Eu não tenho religião, assim como também não sou ateu, mas eu acredito em Deus.
BN: Mas você é um moderado ou é um radical?
RS: Estou mais no intermediário.
BN: Falando em radicalismo, estamos perto da Copa e existe uma expectativa que haja protestos no Brasil inteiro. Esses protestos foram ensaiados no mês passado e, aqui na Bahia, embora tenha sido fraco o movimento, quem tomou a frente foi o PSOL. Você estava na manifestação, inclusive. O partido vai utilizar esse momento de Copa do Mundo para tentar levantar questões em relação ao evento da Fifa aqui em Salvador?
RS: As bandeiras que foram levantadas no mês de junho do ano passado foram bandeiras que o PSOL defende há muitos anos. Desde a época que nós estávamos no PT. Quando nós saímos, saímos também com essas bandeiras. Essas bandeiras não pertencem ao PT, pertencem à luta. Nós, no mês de junho, tivemos alguns movimentos que eram partidários e outros que eram anti-partidários. Nós priorizamos e utilizamos como tática não levarmos as nossas bandeiras, porque o mais importante são as bandeiras de reivindicações da população que estava indo para as ruas, tanto em Salvador como nas cidades do interior. Nós estávamos dando apoio. E as nossas figuras públicas eram bem recebidas, raras as exceções que havia algum radicalismo por alguns setores que não compreendiam aquele processo, e por despolitização, não sabiam que o PSOL é parte importante, porque nós somos um dos poucos que lá no Congresso votamos contra toda essa mercantilização do País. Inclusive, fomos o único o partido a votar contra a Lei Geral da Copa. Nós temos aqui na Bahia sindicatos próximos à Fonte Nova que estão proibidos de fazer reuniões durante o processo da Copa. É um escândalo. Nós tivemos cerca de 250 mil pessoas em todo o País que foram desalojadas, passadas para outros locais para morar de maneira ilegal e irresponsável por parte do governo. Conforme coloquei anteriormente, o recurso que nós gastamos para construir a Fonte Nova daria para construir no mínimo 18 hospitais do porte do Hospital do Subúrbio, onde nós colocaríamos 18 hospitais geograficamente instalados em todo o Estado, para que o interiorano não precise se deslocar do Baixo Oeste para vir para Salvador. Nós estaríamos dando dignidade e humanidade a essas pessoas. Na Copa, estaremos apoiando e presentes nas manifestações, mas respeitando a autoridade e o livre arbítrio de cada manifestação.
BN: Você percebe uma mudança entre as primeiras manifestações antes da Copa e a participação nas manifestações de 2013? Ano passado, havia uma predominância de estudantes, universitários e de segundo grau, o que não parece ocorrer este ano. Como você acha que vão ser essas manifestações? Serão manifestações de enfrentamento ou mais pacíficas? E como o PSOL vai se posicionar em relação a isso?
RS: Isso vai depender de cada região. Aqui na Bahia nós vamos ter convocações naturais dessas manifestações. O governo colocou o Exército para oprimir, mudando o percurso histórico que o Exército sempre teve, que era defender as fronteiras do País. Mas agora está fazendo um papel que o Estado não teve competência para fazer. Essas manifestações pós-junho tem uma caracterização diferente da que foi em 2013, porque por detrás havia uma primeira participação de muita gente que nunca tinha participado de protesto algum. E o governo colocou agentes de inteligência da polícia se caracterizando de Black Blocs para que aquelas pessoas de bem que estavam participando das manifestações se retirassem. E assim conseguiu dispersar todas as manifestações que estavam ocorrendo em todo o País. Grande parte da mídia caiu em cima dos Black Blocs, algo que não nasceu no Brasil. Isso ocorrre desde a Europa, há muitos anos já existem os Black Blocs. E alguns, de forma amadora, se dizendo Black Blocs, iniciaram esse processo militante em alguns estados. Pelo menos aqui na Bahia não acredito que vá haver manifestações massivas como existiram em 2013, porque aqui na Bahia também houve um processo de muitas pessoas que nunca havia participado de manifestação alguma, pessoas que se maquiavam e iam para as manifestações apoiar, mas há um apelo muito grande da grande mídia de que é para torcer para o Brasil, colocando a imagem dos soldados indo para as ruas para não haver manifestações. Isso acaba intimidando aquelas pessoas que não tem um histórico de militância de ir para as ruas.
BN: O sentimento da população não está tão pró-Copa. Em anos anteriores, a gente via bandeirola verde e amarela em época de São João, asfalto pintado, o pessoal comprando camisa da seleção. Este ano não temos visto isso. Não seria, então, um momento propício para que aconteça protestos em uma cidade como Salvador, que tem um histórico de manifestações mais fortes?
RS: Nós vamos ter manifestações em Salvador. Agora não vai chegar a ter aquele peso que teve no mês de junho do ano passado. Pode ser que haja enfrentamento, acredito que haja enfrentamento nesses processos de manifestações. O governo do Estado vai tentar ao máximo não autorizar para que as Forças Armadas intervenham, porque isso vai ficar caracterizado como mais uma incompetência do governo atual para garantir a segurança da Copa da Fifa. Mas vão haver manifestações, atritos violentos entre manifestantes e a segurança pública do Estado. Por outro lado, há uma pequena parcela da população, os oficiais militares, que também são vítimas desse governo atual. Nesses últimos anos, vem crescendo uma consciência de direito e luta dentro da classe da segurança pública. Vai existir esse conflito ideológico entre a corporação da Polícia Militar e a manifestação. E o governo vai novamente utilizar as chamadas polícias especiais, que é a Polícia de Choque e a Caatinga, para combater essas manifestações, como aconteceu na maioria das manifestações de junho de 2013, quando a Choque e as especializadas estavam combatendo as manifestações. Eram poucos praças que iam para a linha de frente combater as manifestações.
BN: O PSOL se manifestou publicamente favorável à greve dos policiais na Bahia. Queria saber sua opinião sobre isso, pois a maioria da população se posicionou contra. Como fica a posição do PSOL, em estar mais próximo de uma categoria do que a população?
RS: A população é manipulada por uma parte da mídia tendenciosa, que a gente chama de mídia empresarial. Assim como a população é contra a greve de rodoviários, de médicos, da Polícia e de outros profissionais, nós também fazemos de tudo para que isso não ocorra. Primeiro vai existir o diálogo. Quando não há o diálogo, a greve é o único caminho. Isso aí é histórico, não só aqui no Brasil.
RS: A população é manipulada por uma parte da mídia tendenciosa, que a gente chama de mídia empresarial. Assim como a população é contra a greve de rodoviários, de médicos, da Polícia e de outros profissionais, nós também fazemos de tudo para que isso não ocorra. Primeiro vai existir o diálogo. Quando não há o diálogo, a greve é o único caminho. Isso aí é histórico, não só aqui no Brasil.
BN: Você acha que foi respeitado na greve dos policiais um mínimo de contingente para que se estabelecesse uma mínima segurança na cidade? Será que os policiais também não utilizaram a greve como pressão para que a população se sentisse intimidada? Por que o partido apoia um movimento que pode atingir a população? Como um partido que é a favor do trabalhador e da população tem um posicionamento na greve que vai contra a própria população naquele momento?
RS: A gente não pode seguir estritamente o que a maioria da população pensa em relação a uma categoria. Se nós formos colocar em consideração o que a maioria da população pensa sobre cada tema, nós, por exemplo, não estaríamos defendendo a bandeira LGBT. Se a gente for colocar na mesa, a maioria é contra. A maioria é contra a união civil de homossexuais, a maioria é contra as religiões afro. Nesse caso, nós fomos a favor das manifestações dos policiais militares em 2012 e em 2014 e nós vamos continuar sendo a favor dessas manifestações, independentemente dessa posição da maioria da população. Cabe a nós tentarmos gradativamente conscientizar a população de que se existiu a necessidade de greve, é porque o governo durante nove meses não teve a capacidade de dialogar com aquele grupo de trabalho que ele mesmo criou. E que depois da greve de 2014 ele saiu marginalizando. Se ele sai criminalizando aquele GT, então o próprio governo é o chefe da quadrilha, porque foi ele que montou aquele GT.
BN: Também queria sua opinião sobre o caso da prisão de Prisco após o final da greve da PM...
RS: Com relação à prisão de Prisco, novamente foi uma traição. O Ministério Público abusou do poder que ele tem, apoiando e reprimindo as associações após a prisão de Prisco, e bloqueando as contas das associações para dificultar a mobilização em apoio à soltura de Prisco. Prender Prisco com a desculpa que foi pela greve de 2012? Ninguém que não vendeu os seus neurônios ao governo do Estado sabe que isso não existe. Eles esperaram o momento do término da greve, depois de ter fechado um acordo político com a presença do arcebispo e de várias pessoas públicas, foram lá e prenderam Prisco. E depois jogaram um parlamentar, um vereador da cidade de Salvador e ex-policial, em uma penitenciária federal, em uma mesma cela com 17 outros criminosos. O governo que faz isso é tão criminoso quanto os 17 outros detentos que estavam na Papuda. O verdadeiro crime e o mais espantoso é que nós temos uma Câmara de Vereadores de Salvador, uma capital importante, e que literalmente se calou com esse absurdo, de um vereador da casa ser preso da forma que foi e ter sido colocado em uma cadeia com 17 criminosos. É uma Câmara de Vereadores totalmente submissa e que ficou de quatro para o governo do Estado e suas políticas de pelegação. Nós vimos essa prisão de Prisco como uma prisão política. Não foi uma prisão jurídica, foi uma prisão política. O Ministério Público, nas manifestações de junho pediu apoio contra a PEC 37, contra a sua liberdade de investigar, mas quando os movimentos sociais vão as ruas, como foi o caso do movimento dos policiais militares, o MP acaba abusando do poder. Fica lá a contradição. Quando é conveniente o MP pede apoio contra a PEC 37, mas também existe essa contradição que ele em muitos casos abusa do poder que tem.
BN: Para terminar, você vai torcer pelo Brasil na Copa?
RS: Nós vamos torcer pelo Brasil da saúde e da educação, da segurança pública e do emprego. Agora não vamos torcer por essa Copa da Fifa. Nós torcemos para que o Brasil ganhe a Copa, agora nós somos contra a esse desvio de dinheiro que houve e esses gastos desnecessários quando se poderia estar investindo em outras áreas.
BN: Não vai ter protesto de camisa amarela não?
RS: Não, não vai ter protesto de camisa amarela. Vai ter de camisa vermelha
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