Reconstruir a esquerda e consolidar o PSOL como alternativa em Salvador
(Tese do MES ao I Encontro Municipal do PSOL SALVADOR)
“Só pode merecer encômios
o representante do povo intimorato,
sem receio de nada, com o compromisso
apenas com o povo que o elegeu,
com o País a que serve e com o futuro
que pretende não ver como uma triste
e vergonhosa repetição do presente.”
Lauro campos
1 – Conjuntura Municipal
O PSOL é oposição de esquerda à atual administração municipal de Salvador.
Salvador é considerada a terceira maior cidade do Brasil, contribuindo muito historicamente para o desenvolvimento nacional, todavia paulatinamente foi amargando a decadência conseqüente da falta de projetos e políticas de planejamento tanto a nível social quanto urbano, fatores que hoje nos revela problemas enfrentados por toda metrópole, oriundos do sistema de exploração da classe trabalhadora.
O governo do Prefeito João Henrique e seus aliados (PP, PV, PSB, PT, PCdoB, PDT, PSDB, PSL, PSC, PMN e o Prona - hoje PR) privilegiou o pagamento das dívidas da prefeitura aos grandes grupos econômicos, das empreiteiras da construção civil e do setor imobiliário, aproxima-se do termino da sua gestão sem que haja demonstração de obras relevantes, com uma política insuficiente para colocar em marcha uma dinâmica de solução estrutural para os graves problemas que vitimam a nossa gente, como falta de investimentos na área de saúde e da educação, sem política preventiva contra as epidemias, e saneamento básico.
Apesar de sermos oposição de esquerda, o que significa nos diferenciarmos bem do DEM (PFL) de ACM Neto, do PPS, do PRB de Raimundo Varela, do híbrido PSB de Lídice da Mata, que se encontra sem eixo político, não estamos entre os que fazem das eleições um fim em si mesmo, protagonizando uma oposição cega.
Para nós as eleições são processos em que podemos e devemos buscar um bom debate político com a sociedade, e a partir daí ocupar os espaços institucionais para viabilizar as transformações que julgamos necessárias.
São momentos em que podemos e devemos discutir projetos estratégicos, soluções factíveis para as demandas imediatas e fazer balanços sérios e bem embasados sobre as gestões públicas.
Este governo, que é aliado de Wagner e Lula (PT), que há seu exemplo repete as mesmas práticas administrativas centralizadas em interesses das oligarquias, representando interesses da especulação imobiliária, que massacra o funcionalismo público e que esta sempre ausente dos grandes conflitos que cercam o povo.
Neste sentido há ausência de uma democracia participativa onde políticas públicas no âmbito da educação, saúde, saneamento, cultura, geração de emprego e renda, e a discussão do “apartheid” que o povo negro esta inserido em Salvador, bem como a violência contra as mulheres e discriminação sexual, não estão na ordem do dia.
A pseudo-esquerda local, velha oposição que antes era comandada pelo PT hoje se encontra fragmentada, por não representarem o anseio popular e pela disputa programática que se envolvem em torno de cargos políticos.
Desta forma assistimos à disputa de velhas figuras políticas cada uma com seus interesses próprios, querendo disputar quem dará continuidade a falta de governabilidade que existe em nosso município.
Com a falência e fragmentação do PT, não há expressão de um grupo de esquerda na cidade que apresente um programa alternativo e prático aos Soteropolitanos.
Isto posto, deve-se trilhar o caminho pela consolidação do nosso PSOL enquanto alternativa, inserindo a discussão política onde possível for, pois não haverá democracia plena sem a participação maciça das pessoas no cotidiano político do município, embora exista um aglomerado de conselhos, a sua maioria são geridos por governistas, cabendo aos representantes da sociedade civil organizada referendar suas decisões.
A prática da democracia, que reivindicamos segundo a melhor tradição marxista seja democracia operária, é um grande desafio para a esquerda mundial no que a grande maioria da população mundial é apática à política e a participação no processo reivindicatório, o que abre pretexto para que uma cúpula burocrata tome todas as decisões pela maioria. O caminho com certeza será uma educação libertadora, que insista no ensino de matérias como filosofia e sociologia, para que os jovens, os estudantes, uma nova geração possa ter permanentemente uma visão crítica da sociedade.
Está colocado, portanto ao PSOL o desafio de reconstruir a esquerda em Salvador dentro de uma perspectiva histórica do socialismo e com uma prática libertadora. No que falamos do socialismo enquanto perspectiva significa que este projeto deve ser trabalhado pelo partido, todavia ele não está projetado de imediato, pois a grande maioria da população ainda tem ilusões com a democracia burguesa, como demonstra a reeleição de Lula e a eleição de Wagner, apesar de todas as medidas reacionárias dos dois governos.
O PSOL reconhece que não haverá avanços para o município enquanto figura como a que representa a velha oligarquia Carlista, o oportunismo de Raimundo Varela, o amadorismo e a falsa liberdade socialista do PSB, o ex-comunismo da Olívia, a representação do partido mensaleiro – PTB e os outros frágeis argumentos que completa o conjunto da disputa que se dará e Salvador.
Os socialistas do PSOL não são “iluminados”, nem os únicos portadores da verdade, todavia trazemos na bagagem o desejo de mudanças reais que se traduzam no bem estar da população.
Sendo assim, o PSOL tem a obrigação de ser povo, observando seus sofrimentos e preconceito, participando de suas lutas e propondo as mudanças. Não haverá esperança para Salvador enquanto os mesmos grupos se revezarem no poder.
Por isso queremos uma aliança com o povo e suas organizações para que juntos lutemos por uma outra cidade. A caminhada não é fácil, a decomposição teórica e prática do PT deixou grandes seqüelas para os velhos militantes de esquerda, muitos até abandonaram a luta.
Inserindo nossa luta na luta dos trabalhadores, estudantes, sem-teto, negros e negras, mulheres, nas relações homoafetivas e todas as minorias, construiremos juntos uma Salvador com dignidade e socialista. Estes são os nossos aliados, os que lutam por dignidade humana.
2 – PSOL: um partido necessário
Vivemos um momento histórico na vida partidária e esse I Encontro Municipal de Salvador segue esse momento.
Somos aqueles expulsos do PT porque não abandonamos as bandeiras históricas da classe trabalhadora, enquanto Lula e seus aliados (PMDB, PCdoB, PSB, PDT...) governam para os empresários, latifundiários e a serviço do imperialismo norte americano.
A degeneração do PT ainda está fresca na nossa memória, a busca desenfreada em vencer eleições sem um programa de governo classista destruiu o partido de Lula. Acreditamos que a tarefa histórica de transformar o mundo cabe à classe trabalhadora porque é ela que produz a riqueza para a humanidade.
Portanto o partido deve ser um “laboratório” dessa sociedade que pregamos e sonhamos, com ampla democracia, formação política, intervenção na luta de classes, e liberdade de expressão.
Um partido que esteja na linha de frente da soberania nacional, em defesa da reforma agrária, dos direitos adquiridos dos trabalhadores, da preservação ambiental, dos negros e negra e também como alternativa nos processos eleitorais.
Queremos um PSOL que esteja alicerçado nos núcleos onde todos os militantes independentes de sua formação política, tenham o direito de falar e propor as políticas do partido seja verdadeiramente cidadão do seu destino.
O PSOL de Salvador deve aparecer à população como uma alternativa de engajamento, um partido que posso atrair todos que tenham um ideal socialista ou interesse de mudança deste regime. Nosso partido não é uma seita comunista que deve avaliar minuciosamente os que lhe batem a porta, todavia os cidadãos que não tem interesse pelo socialismo têm a livre oportunidade de procurar um partido de direita (PSDB, DEM, PT, PTB, PR, PRB, PP) que apresente possibilidade de engajamento de oportunistas-eleitoralistas.
Evidente que o critério para identificar um cidadão socialista não é seu nível de formação política marxista, pois sequer participaram de um curso de formação, mas tem em sua mente o princípio de liberdade, de luta pelos trabalhadores, estes são nossos companheiros.
Ser um partido de quadros (militantes com formação política e de luta) é o nosso ideal, mas como a vida corrida nos impõe certos ajustes, lutaremos para reconstruir a esquerda de Salvador com grande paciência, tendo clareza das dificuldades e trabalhando dentro dos limites que nos são impostos.
Queremos cultivar um partido socialista com base nos ensinamentos teóricos de Marx, Engels, Lênin, Rosa Luxemburgo e Trotsky, e pela prática de camaradas que viveram em sua época o ideal de libertação dos oprimidos como Paulo Freire, Chico Mendes, Margarida Alves e tantos outros.
Um partido internacionalista solidário com a luta dos trabalhadores do mundo inteiro, que apóie ações socialistas em curso e esteja na vanguarda da autodeterminação dos povos.
Enfim, um partido que seja a cara e a voz do povo e junto com o povo alcance a liberdade e o socialismo.
3 – Na ação
- Realizar campanha de filiação;
- Participar da vida do Sindicato, Movimento Estudantil, Movimento pela Moradia e todo Movimento Social;
- Convocar Seminários;
- Realizar Cursos de Formação Política;
4 – Eleições 2008
O PSOL deve apresentar sua bandeira à população de Salvador em 2008 seja uma campanha com chapa majoritária como uma alternativa a João Henrique (PMDB) e o pretenso candidato do PT e chapa proporcional para Câmara Municipal.
Caso não haja condições de irmos ao 2º turno o partido chamará voto nulo não como um ato permanente, mas como uma tática do momento político, já que não acreditamos em transformação pela direita.
A eleição 2008 será o momento de o PSOL divulgar seu ideal de luta socialista, sendo que a tática eleitoral será tema de um fórum específico, a convenção.
5 – Continuar
Por fim queremos iniciar esse processo ao lado do povo, e junto com o povo alcançar a libertação da nossa classe e um mundo mais justo e igualitário. Somente com a adesão dos cidadãos ao projeto político haverá democracia operária, senão estaremos construindo um regime aos moldes do socialismo real que aconteceu na Ex-União Soviética, ou que ainda vive na China, Vietnã, Coréia do Norte e Cuba.
Com Karl Marx dizemos: “a libertação dos trabalhadores, será obra dos próprios trabalhadores”.
É nossa tarefa prioritária consolidar nossa identidade como partido de esquerda, socialista, democrático, combativo e de massas!
Viva o socialismo!
Assinam essa tese:
• Ronaldo Santos – 2º SECRETARIO GERAL DO psol-ba, COORDENAÇÃO ESTADUAL DO mEs • Reinaldo Martins – SECRETARIO DE DIREITOS HUMANOS DO PSOL-BA, COORDENAÇÃO ESTADUAL DO MES, DIRETOR NACIONAL DO SINASEFE • Ícaro Argolo – 1º SECRETARIO DE COMUNICAÇÃO DO PSOL-BA, COORDENAÇÃO ESTADUAL DO mEs, GRADUANDO EM DIREITO • JORGE GOMES – COORDENAÇÃO MUNICIPAL DO mEs, COLETIVO DE NEGROS E NEGRAS DO mEs-BA • LARISSA ELLER – HISTORIADORA, COORDENAÇÃO ESTADUAL GLBTTS DO mEs-BA, NÚCLEO CORES VIVAS • EDSON CERQUEIRA – COORDENAÇÃO MUNICIPAL DO mEs, OPOSIÇÃO ASPOL • JOSE OLIVEIRA – MOVIMENTO SOU DA PAZ • ROBERTO LEAL • EDNA RODRIGUES – OPOSIÇÃO SINPOJUD • JACSON sAMPAIO – COORDENAÇÃO FISCAL ESTADUAL DO mEs-BA • JANIO BARRETO • ANA ALMEIDA • JOÃO RAIMUNDO • ANGELICA FERREIRA – NÚCLEO DE MULHERES, COLETIVO DE NEGROS E NEGRAS DO mEs-BA • WINSTON CARVALHO • VINICIUS BRAGA – SECUNDARISTA, NÚCLEO CORES VIVAS • VERONICKA MEIRELLES – ATRIZ, NÚCLEO CORES VIVAS • LAILLA CRISTINA – NUCLEO CORES VIVAS • MARIANA PELEGRINI – GRADUANDA EM PUBLICIDADE, NÚCLEO CORES VIVAS • Luiz henrique neres – núcleo cores vivas • eliane mello –núcleo cores vivas • emanuela oliveira – SECUNDARISTA, núcleo cores vivas • weider rocha - professor de educação física, núcleo cores vivas • eliane tamandaré medeiros – GRADUANDA
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