Por: Roberto Robaina
Adaptação: Ronaldo Santos
Podemos já dizer que estamos completando Cinco anos. Era 19 de janeiro de 2004. Numa reunião com a presença de algumas dezenas de camaradas foi fundado o Movimento de Esquerda Socialista e Democrática por um Novo Partido. Meio ano depois, a partir dos acordos e iniciativas deliberadas nesta reunião, fundamos o PSOL, num encontro com mais de mil militantes em Brasília.
A reunião que fundou o Movimento pelo Novo Partido ocorreu no Rio de Janeiro. Ali, os chamados parlamentares radicais que enfrentaram em 2003 as políticas próprias imperialistas e patronais implementadas pelo governo Lula foram apoiados, sem hesitação, por um pequeno, mas combativo e prestigiado, núcleo de intelectuais: Leandro Konder, Carlos Nelson Coutinho e Milton Temer. O trio definira sua saída do PT no mesmo dia em que Luciana Genro, Babá, João Fontes e a Heloísa Helena haviam sido expulsos, em dezembro de 2003. Uma entrevista de página inteira do Jornal do Brasil anunciou o desligamento dos três. Naquele dia, alguns da chamada esquerda petista ainda torciam para que um acordo da direção do PT com Heloísa evitasse a expulsão da senadora. Heloísa não aceitou acordo algum. A ruptura já se consolidara. Também eram do RJ os sindicalistas de uma das mais combativas colunas participantes da Marcha Contra a Reforma da Previdência, principal embate contra o governo Lula em 2003 e lastro social mais importante no impulso inicial de nosso partido. Na reunião de janeiro, além dos parlamentares e da “tendência” de Temer, participaram representantes dos grupos políticos que estiveram no movimento desde o princípio: MES, MTL, CST, C-SOL, SR, LR (companheiros que haviam rompido com a DS e mais tarde ajudaram a fundar o Enlace) e PRS (que depois se incorporou ao MES).
Daquele 19 de janeiro em diante, foram realizados atos públicos pela formação do novo partido em novo partido em todo o país. Os parlamentares estiveram sempre presentes, animando o movimento. O primeiro ato, no próprio RJ, contou com cerca de 500 ativistas. Foi em março 12 de março. Três dias depois, estavam em Goiânia, num ato também com cerca de 500 camaradas. Em 19 de março, Porto Alegre, mais de 1000 ativistas lotaram o auditório do Colégio Rosário. No Pará, foram cerca de 600; em Florianópolis, 250. Em Fortaleza, em 2 de abril, mais de 300 pessoas. Os encontros seguintes, em abril, foram em Aracaju, Maceió, Ouro Preto, Belo Horizonte, Recife, Teresina. Em maio, foram em Brasília, São Luís, Natal, João Pessoa, Salvador, Manaus, Campo Grande, Cuiabá. A agenda complementou todos os estados.
A primeira publicação do Movimento foi em abril de 2004. Um jornal histórico, antecessor do Página 50, cujo conteúdo e perfil político continuam marcando hoje nosso partido. O editorial começava dizendo: “Dois meses e meio após o lançamento do Movimento da Esquerda Socialista por um Novo Partido, podemos afirmar que estamos no caminho certo. Os socialistas, os defensores da liberdade, da honestidade e da coerência abraçam o novo projeto calorosamente em todo o Brasil”. O jornal foi contundente no ataque ao governo Lula, definido como representante das classes dominantes, atacando também o PSDB e o PFL, já que “não se pode esquecer que o mandarinato tucano-pefelista de FHC, com a ajuda decisiva do PMDB, foi responsável pela década de desmonte do Estado brasileiro...” Concluíamos o editorial chamando à construção do partido e de uma “frente de ação, política e social, que unifique para a luta as organizações socialistas, os movimentos e as forças sociais anticapitalistas e também as de cunho popular democrático”.
Neste mesmo jornal, o internacionalismo do PSOL já se fazia presente nas reportagens sobre o Haiti e contra a guerra dos EUA no Iraque. E também se evidenciava que o partido não hesitaria em escolher seu lado na Venezuela. A parte internacional do jornal trazia um artigo comemorando os dois anos da derrota do golpe contra Chávez patrocinado pelo Departamento de Estado dos EUA em conjunto com a burguesia venezuelana em abril de 2002. A definição era clara: “A política dos EUA se explica porque Chávez é o governo latino-americano que tem uma política de independência do imperialismo. É um governo que se apóia em uma mudança do regime político venezuelano e que liquidou os velhos partidos e instalou um processo constituinte”.
Assim, podemos dizer que estamos dando continuidade aos alicerces lançados naquele dia. Passados estes quatro anos, somos conscientes de que estamos apenas começando. Nossas limitações e dificuldades são enormes. Mas sabemos também que temos razões para comemorar. O partido cresceu e se transformou num pólo de atração. Os processos eleitorais foram determinantes neste sentido, em particular, o êxito da campanha de 2006, quando Heloísa Helena obteve, praticamente sem campo na TV e contra os planos da classe dominante, 7% dos votos de todo o país.
Salta à vista que, se Heloísa Helena não tivesse esse triunfo e se o PSOL não tivesse elegido uma bancada parlamentar, o projeto iniciado em janeiro teria submergido na marginalidade política. Em primeiro lugar, a cláusula de barreira teria sido mantida, tirando, na prática, os direitos partidários da esquerda socialista. E, seguramente, centenas de milhares de pessoas teriam deixado de acreditar na possibilidade de luta por um novo país. Assim, embora nossa inserção orgânica nos movimentos sociais seja ainda débil, estamos crescendo também neste terreno, alimentados por uma clara e evidente influência política pela participação de nossa militância nas lutas em seu local de trabalho, estudo e moradia.
Em 2007, o aumento da nossa influência orgânica e eleitoral seguiu na esteira de uma política correta, cujo centro foi a denúncia da corrupção e a defesa dos direitos dos trabalhadores e do povo. Também conseguimos romper o bloqueio e atrapalhar os planos das classes dominantes. Eles não conseguiram marginalizar a figura de Heloísa – que continuou sendo uma referência de massas mesmo sem o mandato de senadora – e nossa bancada parlamentar foi, sem dúvida, destaque no Congresso.
As eleições 2008, o P-SOL enfrentou o seu primeiro desafio em eleições municipais. Apresentamos candidaturas em 248 cidades, sendo 2.635 a vereadores e 286 candidatos a prefeituras. Tivemos candidatos em 22 capitais do país. Algumas votações nos candidatos majoritários nas capitais merecem destaques, Martiniano Cavalcante, em Goiânia, 31.066 votos ou 4,88% do eleitorado, Edílson Silva, em Recife, 25.568 votos, ou 3,05% do eleitorado, Hilton Coelho, em Salvador com 51.196 votos, ou 3,94% do eleitorado, Renato Roseno, em Fortaleza, com 67 mil votos, ou 5,67% do eleitorado. Nas capitais elegemos em Porto alegre, capital gaúcha, dois vereadores, Fernanda Melchiona e Pedro Ruas, em Fortaleza, elegemos João Alfredo, no Rio reelegemos o Eliomar com quase 16 mil votos e também reelegemos o companheiro Elias Vaz. Heloísa Helena obteve a incrível votação de quase 30 mil votos, ou 7,4% do eleitorado. Heloísa Helena foi a candidata mais votada no país proporcionalmente. Elegemos também o companheiro Ricardo Barbosa, que assumi a segunda vaga do P-SOL na câmara em Maceió. Merece atenção também o número de votos na legenda do P-SOL, o voto no “50”, expressou a confiança do povo no nosso projeto político. Tivemos em todo o país, mais de 628 mil votos para os candidatos a vereadores e mais de 795 mil votos para os candidatos a prefeituras. Elegemos diversos vereadores pelo P-SOL. Testamos novos quadros políticos do partido, numa eleição onde lutamos contra as maquinas eleitorais com dimensões desproporcionais gigantescas, mas fomos vitoriosos, o partido saiu mais fortalecido das eleições, agora temos que nos ater a reorganização e intervenção do partido nos movimentos sociais, na intervenção do partido junto a setores importantes. Dialogar com as massas. É claro que em 2008 tivemos vitórias de chapas encabeçadas por militantes de nosso partido em eleições sindicais e estudantis mostram que estamos, também, diante de um fortalecimento orgânico. A participação do partido na marcha em Brasília foi apenas uma expressão deste crescimento.
É lógico que nada disso teria ocorrido se não tivéssemos adotado determinadas linhas políticas, táticas concretas e iniciativas práticas. Fundamental, porém, para explicar o crescimento do PSOL, é o que temos afirmado desde o princípio de nossa luta frontal e ruptura com o PT em 2003 e que assim já expressávamos em nosso primeiro editorial de fundação do Movimento por um Novo Partido: nosso projeto responde a uma necessidade de milhões de trabalhadores e do povo pobre de terem um instrumento de luta por seus direitos e interesses.
A relativa rapidez de nossa influência, por sua vez, não pode ser explicada se não levarmos em nota dois fatores. Por um lado, a acumulação de consciência crítica, socialista, democrática, ética, desenvolvida ao longo dos últimos 30 anos de resistência e mobilização social e política dos trabalhadores, dos operários, camponeses, sem terra, do povo pobre em geral e das classes médias cada vez mais empobrecidas. O PT havia sido um dos promotores e a expressão desta consciência. Mesmo não tendo sido um raio em céu azul, a rapidez e a contundência da traição petista foram tamanhas que permitiram resgatar uma parte de sua base social que não acompanhou a cúpula partidária. Em muito menos medida, e com suas especificidades, em alguns estados como RS e RJ, isso ocorreu também com o PDT.
Mas o crescimento e as possibilidades abertas para o PSOL teriam sido inviáveis se na América Latina nossos povos irmãos não fossem protagonistas de mobilizações, levantes e insurreições. Mais ainda: se não tivessem conquistado governos que não traem seus compromissos de campanha e que vem cumprindo em linhas gerais o mandato dado nas ruas pelo povo em luta. Hoje, temos o exemplo de Evo Morales, Rafael Correa e Hugo Chávez. Podemos criticar estes governos; considerá-los limitados, insuficientes, defini-los como uma estação ainda distante do objetivo final da locomotiva da revolução social, mas não podemos desconhecer que a sua existência nos permite afirmar que nem todos os governos das forças que se reivindicam de esquerda deixam de sê-lo quando alcançam o poder. Nem todos se vendem e traem seus compromissos anunciados antes das eleições como fizeram Lula e o PT. Isso não é pouca coisa. Trata-se de um estímulo determinante para milhares de militantes. De uma forma ou outra, apesar das campanhas da mídia burguesa de difamação e calúnia que ainda conseguem separar nosso povo da identificação com estas conquistas, parcelas do povo vêm também tirando conclusões e aprendendo com estes processos.
Combinados à efervescência dos povos vizinhos de nossa América Latina e à resistência de nosso próprio povo, estes exemplos abrem um caminho. Ir por este caminho significa enfrentar o regime político burguês brasileiro, este democracia dos ricos, corrupta, seqüestrada pelo poder econômico e associada ao imperialismo. O PSOL não se curva à ordem do Capital. Ao mesmo tempo, aproveitando estas luzes e brechas, vamos destruindo obstáculos e visualizando novos e melhores horizontes de socialismo e de liberdade.
Roberto Robaina – Executiva Nacional do P-SOL / Diretor do Página 50
Ronaldo Santos – Secretário Geral do P-SOL Bahia.
..................................................................................................PSOL na Luta - Bahia................................................................................................. Este blog tem como um dos objetivos informar e orientar a militância do P-SOL das lutas que estaremos juntos ao lado dos trabalhadores de todo o mundo. Venha militar numa ferramenta de luta em defesa da classe trabalhadora. Filie-se ao PSOL
Contatos: 071- 9126:2455 ronaldodopsol@hotmail.com
sexta-feira, 16 de janeiro de 2009
Cinco Anos de P-SOL
Para comemorar
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