Por Ben Deighton e Andreas Framke
BRUXELAS/FRANKFURT (Reuters) - Os líderes europeus enfrentavam intensa pressão nesta sexta-feira para tomar medidas decisivas e conter o aprofundamento da crise de dívida, enquanto dados econômicos positivos dos Estados Unidos traziam certo alívio aos mercados mundiais.
Temores sobre a possibilidade de uma recessão nos EUA e a ampliação da crise na zona do euro apagaram 2,5 trilhões de dólares das bolsas de valores do mundo nesta semana.
A geração de empregos nos EUA surpreendeu expectativas em julho e os dados deram suporte a Wall Street no início do pregão, mas os índices logo voltaram à tendência de queda.
Às 12h07 (horário de Brasília), o índice Dow Jones, caía 0,53 por cento. O índice Standard & Poor's 500 recuava 0,69 por cento e o Nasdaq perdia 1,18 por cento.
Os líderes da Alemanha, da França e da Espanha vão se reunir nesta sexta-feira para discutir a crise de dívida da Europa, depois que China e Japão pediram uma cooperação econômica global diante dos fortes declínios dos mercados financeiros.
A discórdia entre autoridades da UE sobre como impedir que a crise de dívida chegue a Itália e Espanha tem causado frustração entre os investidores, que já estão assustados pela perspectiva de um retorno à contração econômica nos EUA.
Além disso, o Banco Central Europeu (BCE) ofereceu uma ajuda apenas limitada e disse que Itália e Espanha devem tomar medidas de austeridade mais duras se quiserem que o banco compre seus bônus.
O pacote de austeridade italiano é criticado por empurrar as medidas mais importantes para depois das eleições de 2013, claramente por razões políticas.
"A coordenação internacional de política no G7 e no G20 é de importância crítica", disse Olli Rehn, comissário da UE para Assuntos Econômicos e Monetários.
"Parte das razões para essas tensões se relacionam a acontecimentos fora da área do euro. A confiança do investidor foi afetada negativamente pelo impacto da negociação do teto de dívida nos Estados Unidos e por dados recentes sugerindo uma desaceleração na economia global."
O presidente francês, Nicolas Sarkozy, discutirá a situação dos mercados da zona do euro com a chanceler alemã, Angela Merkel, e com o primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, em telefonemas individuais nesta sexta-feira, segundo seu gabinete.
RIXA NO BCE
O BCE reativou o programa de compra de bônus na quinta-feira para tentar apaziguar a crise de dívida, mas só comprou títulos de Portugal e Irlanda. Membros influentes do banco se opuseram mesmo a essa medida.
Operadores disseram que a autoridade monetária interveio pelo segundo dia nesta sexta-feira, mas comprando somente bônus portugueses e irlandeses, como na véspera.
A pressão diminuiu sobre a dívida de países periféricos, mas os rendimentos dos papéis italianos de 10 anos superaram os dos espanhóis pela primeira vez desde maio de 2010. Ambos os juros continuaram acima de 6 por cento, confirmando a preocupação dos investidores sobre a falta de soluções.
"Os acontecimentos recentes refletem principalmente um ceticismo crescente sobre a capacidade sistêmica da área do euro em responder à crise atual", disse o premiê da Grécia,
George Papandreou, em carta ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Barroso, fazendo eco a comentários feitos pelo próprio Barroso nesta semana.
Resgatar a Espanha testaria o poder de fogo atual do fundo de resgate europeu e socorrer a Itália seria sobrecarregá-lo, mas Rehn insistiu que nenhum dos dois países precisará de assistência.
CHINA E JAPÃO BUSCAM COOPERAÇÃO
No Japão, o ministro das Finanças Yoshihiko Noda disse que as autoridades globais precisam enfrentar as distorções cambiais, as crises de dívida e as preocupações sobre a economia dos EUA.
"Eu acredito que esses assuntos deveriam ser discutidos", disse ele a jornalistas, um dia depois que o Japão interveio para vender ienes. "Cada problema é importante, mas como priorizar essas questões é algo a ser discutido a partir de agora."
O Japão vendeu ienes para tentar conter a alta da moeda, que se tornara uma aposta segura para o investidor, assim como o franco suíço, em meio aos receios sobre os EUA e a Europa.
O ministro chinês do Exterior, Yang Jiechi, disse que os riscos de dívida nos EUA estão aumentando e que os países deveriam cooperar mais para lidar com os riscos econômicos.
Yang pediu que os EUA adotem políticas monetárias "reponsáveis" e protejam os investimentos de outras nações em dólar.
(Reportagem adicional de Kathrin Jones e Sakari Suoninen em Frankfurt; Leika Kihara em Tóquio; William James e Ana Nicolaci da Costa em Londres; Pedro da Costa, Kristina Cooke e Walter Brandimarte em Nova York; e Emily Kaiser em Cingapura)
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