Maio/Junho de 2008
Conjuntura nacional e as tarefas do partido
Sobre conjuntura nacional e as tarefas do partido
Resolução da Executiva Nacional do PSOL
Encarte Pagina50 maio_junho.
O PSOL necessita continuar e desenvolver um esforço de elaboração política coletiva para construir uma correta compreensão dos acontecimentos e das tarefas políticas daí decorrentes. Um olhar apenas nacional não nos permite esta compreensão. A globalização, entre outras coisas, provou que não há análise nacional correta sem uma correta apreciação da situação mundial.
Nesta minuta política, porém, apenas indicamos algumas características mais recentes da situação mundial, com implicações já imediatas no Brasil e que tendem a se incrementar no próximo período. A primeira delas, mais geral, é a crise econômica mundial. O mundo não esta em recessão, mas há um consenso, mesmo entre os economistas mais capazes da burguesia, de que a crise das chamadas hipotecas é a mais grave crise econômica do capitalismo desde o pós-guerra. Isso não é pouca coisa. A eclosão da crise se deu num momento em que a situação econômica brasileira estava numa curva de crescimento capitalista, com a lucratividade elevada. Esta curva ainda não se alterou, mas já temos sinais de que sua direção ascendente terá problemas em se estabilizar.
O mais grave sinal, reflexo imediato da situação econômica mundial, é o crescimento da inflação, além do aumento dos juros, que continuará até o final do ano. Pela primeira vez, depois de
Nestas últimas semanas o governo federal e a burguesia comemoraram a decisão da agência de risco Standard & Poor’s que elevou a grau de investimento sua classificação de risco acerca da dívida pública brasileira. Apesar da euforia, alguns economistas mais honestos lembram que tais agências medem, na verdade, apenas o grau de risco dos credores da dívida – ditos sejam, em sua esmagadora maioria, banqueiros, grandes empresas e especuladores –, isso é, medem a capacidade do governo de pagar a dívida. Trocando em miúdos, a capacidade de remunerar o capital rentista: as 20 mil famílias mais ricas do país que detêm 80% do poder sobre os títulos da dívida pública brasileira.
Ademais, vale lembrar o histórico recente destas agências que “promovem” o Brasil. A Argentina, por exemplo, até a beira da catástrofe econômica de 2001, era considerada um lugar seguro para investir, porque as agências conheciam e confiavam em que o governo manteria a política a serviço dos banqueiros, mesmo que chovesse canivete. Até que a mobilização de massas derrubou o governo. Igualmente, a esmagadora maioria dos economistas bem pensantes com espaço na mídia esquece-se de dizer que estas mesmas agências davam excelentes notas para títulos vinculados com a crise das hipotecas.
Isso não significa que desconheçamos o crescimento da economia e o entusiasmo de setores capitalistas, uma confiança que estimula novos investimentos. É o caso, por exemplo, do setor de biocombustível; ao mesmo tempo, os preços das comodities em geral, como minérios, soja, carne – mais valorizadas – possibilitam que as exportações venham aumentando bastante em valor, mesmo com a apreciação cambial, permitindo uma alta há muitos anos não vista da reserva nacional de moeda
Encarte Especial
As contradições da economia e o fim de alguns disfarces do governo Lula
Esses elementos dinâmicos do crescimento capitalista brasileiro garantem bases objetivas para a popularidade do governo Lula, tema que retomaremos mais adiante. Eles carregam, porém, contradições importantes. As exportações ganham, mas as importações aumentaram mais. No primeiro trimestre, o saldo em transações correntes registrou o déficit de US$ 10 bilhões. Os estudos do IEDI – instituto ligado à Indústria – afirmam que o superávit comercial do setor fabril caiu de US$ 29,8 bilhões em 2006 para US$ 18 bilhões em 2007, graças a exportações de baixa intensidade tecnológica. No setor de alta tecnologia, houve déficit de US$ 14,8 bilhões em 2007 e no de média-alta tecnologia – onde está o setor automobilístico - ficou negativo em US$ em 10,3 bilhões. Um mergulho sobre este assunto mostra o crescimento da dependência da indústria brasileira em relação à China.
O jornal Folha de São Paulo, que revelou mais amplamente os estudos do IEDI, definiu uma questão estrutural com clareza: “A dívida externa total do país voltou a subir. Aumentou de US$215,5 bilhões em março de 2007 para US$254 bilhões em março de 2008, acréscimo de quase US$ 40 bilhões. Essa dívida responde, porém, apenas por uma parte do passivo externo brasileiro (conjunto de compromissos em moeda estrangeira). Tal passivo monta a 885,2 bilhões, de acordo com o dado mais recente divulgado pelo BC, de setembro de 2007. O ativo externo (os investimentos de brasileiros no exterior, incluindo reservas internacionais) alcança US$342,1 bilhões. O resultado é um passivo líquido de US$543,1 bilhões).” (Folha de SP, editorial de 04 de maio de 2008).
Então, embora estejamos de fato num momento de crescimento da economia capitalista no país, o modelo econômico em curso prepara, na sua farra atual, novas crises de balanço de pagamento, com suas trágicas conseqüências em termos de concentração de renda, drenagem de esforços econômicos e sociais para pagar dívidas, sacrifícios do povo. O endividamento da população também carrega a crise do Subprime (crise de inadimplência das hipotecas das casas nos EUA) brasileiro.
Outro tema mundial diretamente relacionado com a situação nacional é o desmatamento brutal que ocorre no país, num processo em que a expansão da soja e da cana-de-açúcar, em vários estados, e da criação de gado no coração da Amazônia, ocorre em detrimento de outras culturas, das florestas, da biodiversidade, das populações camponesas, indígenas e ribeirinhas, com devastadoras conseqüências ambientais e ecológicas. A saída da ministra Marina, cuja história de luta na defesa do meio ambiente servia como uma tentativa do governo Lula de demonstrar sua preocupação com a defesa da ecologia, retira o último disfarce do caráter predatório e entreguista da política governamental.
Com Marina, também se vai a última tentativa, mesmo que modesta, de resistir, no interior do governo, contra o aumento enorme do desmatamento, crescimento que já se viu, com total força, em 2007 e que ficará ainda pior. Mas, nas palavras de Frei Betto, conhecido como antigo conselheiro espiritual de Lula, o governo federal, ao fazer a opção pelos latifundiários e destruidores da floresta, não merecia Marina como ministra. Sua decisão de demitir-se ajuda na ruptura de setores ecologistas com o governo Lula e dificulta a política, ainda majoritária no MST, de defesa do governo, fortalecendo os setores e pressões por uma política independente.
Da mesma forma, a revelação dos documentos do Departamento de Estado dos EUA sobre as demonstrações de boa relação, de compromissos de cooperação entre o governo Lula e o governo dos EUA, liquidam qualquer disfarce acerca do caráter progressista da política exterior do governo Lula, ou de seu caráter de resistência contra a dominação imperialista dos EUA. Afinal, embora não tenha sido surpresa para o PSOL, já que há muito denunciamos o governo por estas razões, agora há provas documentais de nossas acusações. Um dos documentos apresenta os compromissos do governo brasileiro em conter a radicalização das lutas sociais na América Latina e, particularmente, o esforço para conter a política antiimperialistado governo Chávez.
A fortaleza do governo e do regime político é real, mas a dinâmica não é de estabilidade
Para alguns o fato do governo Lula estar com bons índices de popularidade nas pesquisas de opinião reduz a importância dos fatos expostos acima. Mas uma análise estrutural do país deve levar em conta, também, a dinâmica. É certo que as pesquisas são indicativas da relação do povo com o governo, mostram que o governo segue forte, com apoio de parcelas importantes do povo. Ademais, se analisamos o conjunto da superestrutura, o controle total do Congresso Nacional, as relações do governo com a burguesia, as relações com a oposição, vemos que a burguesia tem o total controle do regime político, tendo os partidos políticos a seu serviço e jogando na disputa entre eles, sempre que todos sejam fiadores e executores da política econômica a serviço do capital financeiro, das multinacionais e da cooperação com o imperialismo.
Na disputa entre os partidos da ordem o PT segue levando a melhor. Apontamos aqui três motivos:
1) tem
3) porque a oposição burguesa consegue fazer propostas e intervenções ainda piores do que as do próprio governo. Sobre este terceiro ponto, basta recordar o conflito da Venezuela e do Equador contra a Colômbia, em que o PSDB e PFL queriam uma posição do Brasil a favor da Colômbia ou, agora mais recentemente, a intervenção do senador Agripino no depoimento de Dilma, quando ele conseguiu com sua desastrosa e reacionária participação fortalecer a ministra. Ora, o reacionário senador deu a oportunidade para a ministra usar seu histórico de combate contra a ditadura militar para defender um presente que, na prática, renega este passado respeitável. Ou então, para citar outro exemplo, quando a oposição critica o governo federal pela decisão de aumentar o valor da Bolsa Família, entrando na Justiça para impedir o aumento sob o argumento de que o mesmo não é legal em ano eleitoral. Assim, não é fora de lugar que uma parte importante do povo prefira Lula, se comparado com FHC e os seus. Teremos que ver até que ponto esta preferência vai-se expressar nas eleições municipais. E teremos que ver, também, como as eleições repercutirão na disputa de 2010, um cenário ainda muito indefinido justamente porque Lula não pode mais ser candidato, a não ser que o PT e Lula decidam dar a difícil – mas possível –cartada de mudança da Constituição para garantir a segunda reeleição.
Não temos aqui o objetivo de um exame exaustivo das eleições de 2008. O que temos dito, contudo, sinaliza para um processo eleitoral controlado pelo regime político, com os partidos da ordem disputando entre si nos marcos de defesa do mesmo regime e do mesmo modelo econômico. Assim, na cidade de São Paulo, PT e PSDB disputam distantes do terceiro lugar a preferência do eleitorado, enquanto ao lado,
Uma dinâmica de intensificação dos conflitos sociais
A medida do quadro nacional não pode, porém, ser dada apenas por uma análise do que está ocorrendo. É preciso buscar qual a dinâmica da situação. A atual estabilidade do regime político e o fortalecimento relativo do governo não anulam o quadro econômico mundial, nem o desenvolvimento das contradições da economia brasileira que provocam uma dinâmica de redução do crescimento econômico nacional. Num país com enormes carências, desemprego elevado e brutal desigualdade de renda que se reproduz na continuidade das políticas econômicas e sociais do governo, já a desaceleração do crescimento significará maiores pressões e tensões sociais. Cremos que esta perspectiva está colocada, a saber: teremos um aumento dos conflitos sociais. A mesma se reforça porque a situação da América Latina já empurra nesta direção, com novos acontecimentos fortalecendo as mobilizações do povo pobre e trabalhador, tais como a vitória de Lugo, nas eleições do Paraguai, as estatizações decididas por Evo Morales, na Bolívia, e a da siderúrgica Sidor, na Venezuela.
Não se trata de prever convulsões sociais ou uma rápida alteração da correlação de forças entre as classes no Brasil, ainda marcada pelo caráter defensivo das lutas sociais e por um baixo nível da atividade independente do movimento de massas. Assim, num país continental e com aparatos superestruturais do movimento de massas majoritariamente controlados por direções conciliadoras ou diretamente pró-patronais, as dificuldades da ação de massas são ainda maiores, tendendo a ser fragmentadas. Agrega-se a isso a fraqueza das direções sindicais independentes, como a do Conlutas e da Intersindical, debilidades expressas nas ações fraquíssimas organizadas por esses dois agrupamentos classistas e de esquerda no 1° de maio.
O fato de não se poder prever uma mudança nesta correlação de forças, entretanto, não pode fazer o partido perder de vista a possibilidade crescente de aumento dos conflitos, de perceber a dinâmica de instabilidade geral, econômica, social e ecológica, que logicamente terá ainda imprevisíveis desdobramentos políticos. Podemos citar exemplos de lutas, manifestações e greves em várias categorias e estados. Greves de categorias como as dos professores do Pará, da construção civil de Fortaleza, dos policias civis e militares da Bahia, dos funcionários públicos de modo geral. Ou ainda os conflitos de pobres, sem-teto, garimpeiros – contra a Vale do Rio Doce, no Pará –, além de camelôs, perueiros, setores populares, em vários cidades e momentos. São ações que hoje ocorrem e que tendem a se incrementar. Há também conflitos latentes – como o dos controladores de vôo –, parte de problemas que não foram resolvidos e que podem se desdobrar tanto em novos acidentes aéreos como em mobilizações da categoria. Uma das mais importantes lutas atuais foi a mobilização estudantil da UNB. A ocupação da Reitoria, exigindo a renúncia do diretor corrupto, teve repercussão nacional. Foi uma ação radicalizada, apoiada pelo povo, acompanhada pela mídia nacional e que alcançou uma clara vitória, fortalecendo com isso o movimento estudantil, caixa de ressonância da sociedade em seu conjunto.
Essa dinâmica de conflito já tem expressões no campo, embora ainda inicial. O governo federal faz vista grossa e deixa correr ações brutais de governos estaduais, das polícias militares e dos latifundiários na repressão aos sem terra. Em todo o país esta repressão ocorre. E, neste caso, a Justiça nacional mostra sua conivência com a impunidade, cuja mais recente e atroz expressão foi a absolvição dos mandantes e assassinos da freira Dorothy Stang. O governo federal limita-se a lamentar. Quando intervém do lado certo, como no caso dos indígenas da Reserva Serra do Sol de Roraima, atua tarde, depois que a repressão ocorre. E não apresenta uma política clara, que garanta que não tenhamos novas e mais graves agressões. Ou seja, o que vemos no campo é um aumento da repressão aos movimentos, uma antecipação do que pode ser a política do regime político diante do aumento dos conflitos de classe.
É lógico que a energia da ação de massas se dissipa quando não encontra uma referência, uma superestrutura na qual se expresse, organize-se, desenvolva-se. O partido político com estratégica revolucionária e socialista é precisamente um instrumento para contribuir na organização e no desenvolvimento da luta, tratando de construir um projeto nacional para mudar a realidade do ponto de vista dos interesses dos trabalhadores, dos pobres, da juventude. Neste sentido, analisar a situação do PSOL, enquanto projeto com este objetivo, é fundamental para compreender a situação política, sua dinâmica e nossas tarefas.
Espaço do PSOL continua e pode aumentar
Partimos de uma definição já realizada pelo Congresso do partido: há espaço para a construção do PSOL. Uma prova disso são também os índices das mesmas pesquisas que mostram a popularidade do governo. Nelas, Heloísa Helena aparece com 15%, às vezes 17%, ou mesmo 19%, de intenções de voto para a presidência. Esse apoio é ainda mais relevante quando fica visível o boicote ao nome de Heloísa feito pela mídia e pelos articulistas dos grandes jornais. Eles conseguem bloquear em função de limites do próprio partido, mas, também, porque consideram que nossa candidatura está fora do jogo de defesa do regime político. Por isso, não é aceitável e farão de conta que não existe.
No caso das eleições municipais, tratarão de desconsiderar o PSOL, o que será feito também, ainda que em menor medida, onde o partido tenha candidatos fortes. É lógico, então, que um partido novo, com miseráveis recursos econômicos, boicotado pela mídia e numa situação nacional ainda não marcada por uma atividade maior do movimento de massas, encontra enormes obstáculos para sua construção. Alguns destes obstáculos tendem a aumentar, não a diminuir, como é o caso do combate da burguesia contra o PSOL. Outros dependem mais do próprio partido superá-los, entre os quais construir uma direção nacional mais forte, que combine mais e melhor a necessidade de democracia, fortalecimento das instâncias e unidade de ação. Isso vale para os estados e municípios. As dificuldades não podem nos fazer perder de vista a visão do todo; como diz o velho ditado: as árvores não podem impedir que se veja a floresta.
Uma segunda definição que não se pode perder de vista é a que o PSOL é, no Brasil, o centro político mais importante do processo de recomposição do movimento operário, popular, camponês e estudantil. E a recomposição tem seu eixo na política, não ainda na ação social de massas, sendo o PSOL sua principal expressão, marca deste novo ciclo de construção da esquerda brasileira e de construção da representação da classe trabalhadora.
Mas político e social se alimentam. Se, a médio e longo prazo, não há um crescimento das ações independentes do movimento de massas, os problemas do PSOL se agravam. Se há maiores lutas, as chances do PSOL aumentam. Se o PSOL acerta politicamente, certamente temos um desenvolvimento garantido como projeto, carro-chefe na construção de uma forte esquerda socialista e democrática com influência de massas.
O exemplo da UNB é revelador. Primeiro cabe ser dito que a luta foi de massas, isto é, foi uma ocupação com apoio entre os trabalhadores e o povo em geral. E isso se explica porque o eixo da ação foi a luta contra a corrupção. Ou seja, a principal ação do movimento estudantil coincidiu totalmente com a política do partido de defesa da mobilização contra a corrupção. Podemos dizer que, sem risco de cair na autoproclamação, neste caso, a principal mobilização estudantil dos últimos anos foi claramente estimulada pela política do PSOL, isto é, que cumprimos um papel objetivo neste sentido. Finalmente, é preciso dizer que importantes lideranças do movimento da UNB são militantes do partido e estiveram à frente da luta.
Há também um espaço importante no movimento sindical. Vimos na vitória da chapa dos petroleiros do Rio Grande do Sul, em que a DS foi derrotada por uma chapa formada e apoiada pelo PSOL, PSTU, PV e prestistas; assim como entre os bancários de Florianópolis, em que também a DS e a CUT perderam. No Rio Grande do Sul, por sua vez, teremos uma rica experiência ao construirmos uma chapa apoiada por unanimidade no PSOL que reúne, contra a Articulação Sindical, setores da CUT, neste caso encabeçados pela DS, com militantes do PSOL e do PSTU.
Está claro que deve ordenar nossa política nacional a derrota das burocracias dominantes que controlam e defendem a CUT e a Força Sindical. Concretamente, portanto, nosso eixo da disputa é contra a Articulação Sindical, corrente majoritária na CUT, e a Força Sindical, o que não significa deixar de enfrentar, onde pudermos, as correntes menos importantes, quando elas dirigem os sindicatos. Embora exista espaço, sabemos que é uma luta dura, como fica claro, por exemplo, nas agressões sofridas pelos condutores no ABC, um setor que rompeu com a Articulação e que teve seu sindicato invadido pela máfia ligada a essa burocracia.
No campo da esquerda, mesmo entre aqueles que muitas vezes estão unidos conosco em confrontos com o governo e contra a burocracia da CUT – e corretamente fazemos estas unidades de ação –, há uma disputa com o PSTU no terreno de um setor da vanguarda, já que este partido, por incrível que possa parecer, tem definido como estratégia derrotar o PSOL. Com aliados como esse quem precisa de inimigos?! Para a política do partido nos movimentos sociais, ganha muita importância a aplicação das resoluções da Conferência Sindical do PSOL, centrada na defesa da construção da unificação da Conlutas e da Intersindical na direção de construir um pólo de referência na reorganização do movimento sindical e popular. Também no movimento estudantil e juvenil é fundamental avançarmos na construção de um coletivo nacional de juventude do partido. Os trabalhos do partido em universidades como a USP, a Federal do Rio Grande do Sul, do Pará, do Rio de Janeiro, entre outros, são algumas das demonstrações do potencial que temos no movimento juvenil.
Também o PSOL tem suas responsabilidades no movimento dos ecologistas, com o desafio de organizar sua intervenção no Fórum Social Mundial de 2009, em Belém, sendo esta uma tarefa de todo o partido. Em todos os estados podemos avançar neste setor. Em vários, já estamos inseridos, enfrentando os poderes locais, como no Ceará, onde o ex-deputado João Alfredo está sendo processado pela Secretária do Meio Ambiente da Prefeitura de Fortaleza por participar, organizado no movimento ecológico da cidade – em especial, no Movimento SOS Cocó –, da luta contra a construção da Torre Empresarial Iguatemi, cujo proprietário é o Senador Tasso Jereissati, às margens do Rio Cocó, obra que obteve o licenciamento ambiental por parte da Prefeitura, cuja prefeita é a Sra. Luizianne Lins, do PT.
Uma política nacional unificada.
O partido deve ter uma identidade clara e ser conhecido e reconhecido por suas propostas. Não se consegue isso sem política nacional unificada e sem campanhas. Quando propusemos ao partido a campanha nacional ao redor da palavra do “Fora Renan”, ninguém podia imaginar que seríamos brindados pela “sorte” de ficarmos reconhecidos com o partido impulsionador desta campanha que se converteu num verdadeiro apelo nacional. Por isso, contra os prognósticos do senso comum dos formadores de opinião de que o PSOL reduziria, em muito, sua participação na política no pós-eleições de 2006, o partido se fortaleceu muito em 2007, ganhou projeção, furou o bloqueio da mídia aproveitando-se das próprias contradições interburguesas. Dizemos sorte, então, porque circunstâncias favoráveis surgiram e permitiram que nossa política tivesse a ressonância de massas que teve. É óbvio que nem todas as campanhas conseguem ter o mesmo sucesso, e é até provável que fiquemos um longo tempo sem uma campanha com tanto sucesso como aquela. Mas, se não temos política (se, por exemplo, tivéssemos nos limitado a sermos comentaristas do caso de Renan), não há como aproveitar as oportunidades e nem construir uma identidade, uma marca, um perfil político.
O PSOL precisa de campanhas nacionais
Como campanha imediata, para romper a paralisia atual, de ausência de uma política nacional unificada, propomos a campanha em defesa das aposentadorias e contra o fator previdenciário. O que foi feito na questão da previdência, como o ato impulsionado pela Deputada Luciana Genro e o Senador Paulo Paim, deve servir de exemplo e ter continuidade. Seria muito importante levar esta campanha para os estados, como faremos
Ao mesmo tempo, está posta para o partido a necessidade de construir tribunos do povo. Daremos um passo neste sentido na campanha eleitoral com nossos candidatos para as prefeituras e vereanças. Por mais que saibamos que o regime político impõe dificuldades, porque sempre é extremamente difícil passar o coeficiente eleitoral, não mediremos esforços para eleger vereadores, tratando de obter esta conquista onde for possível. Isso significa fazer política de massas procurando manter os espaços políticos conquistados pelo partido, fortalecer novas referências e afirmar o PSOL como alternativa de esquerda. Ao mesmo tempo, em alguns lugares, faremos uma política mais ousada, de maior disputa, como com as candidaturas de Luciana Genro e Chico Alencar para as prefeituras de Porto Alegre e Rio de Janeiro, respectivamente.
Algumas bandeiras que temos que desenvolver
Nos próximos dias estaremos trabalhando para disponibilizar materiais que armem a militância acerca de algumas bandeiras nacionais. O tema do fator previdenciário e da luta em defesa dos aposentados temos já trabalhado e na liderança do PSOL e nos gabinetes de nossos deputados no Congresso os militantes podem ter acesso a importantes estudos. Da mesma forma, temos importantes materiais sobre a questão da dívida pública. Através do gabinete do Deputado Ivan Valente, entramos com o pedido de CPI da Dívida Pública. Ao mesmo tempo, temos que insistir na bandeira da redução dos juros, que tendem a subir até o final do ano devido à política do governo Lula de remunerar o capital financeiro.
Outra questão para a qual temos que estar atentos e trabalhar é a da defesa do controle de câmbio como forma de defender a moeda nacional e evitar a drenagem de recursos para fora do país. Além disso, está na ordem do dia defender o controle de preços, congelando o aumento dos preços dos alimentos que estão pesando mais no bolso dos consumidores.
A luta pela aprovação da Emenda 29, prevendo mais verbas para a saúde, as propostas apresentadas pela bancada do PSOL de reforma tributária, o reajuste salarial, o combate ao desemprego e à corrupção são outras bandeiras fundamentais do PSOL. Nesse sentido, também definimos entrar com representação contra o deputado Paulinho do PDT/SP, presidente da Força Sindical, caso o Corregedor da Câmara não o faça ou enrole na sua decisão. Da mesma forma vamos entrar com representação contra o ex-governador de Goiás, Marconi Perillo.
Finalmente, é vital a campanha em defesa da Amazônia, do cerrado e a construção da intervenção do partido no Fórum Social Mundial, em janeiro de 2009,
Agitação de massas e aproveitar a agenda de Heloísa Helena
Heloísa Helena tem sido militante vinte e quatro horas por dia na construção do PSOL, realizando uma agenda de viagens que potencializa e divulga o partido em todo o país. Em uma semana, Heloísa Helena visita, faz plenárias, atos, caminhadas, em dois, três, até em quatro, estados. Apenas em 2008 – quando nem se completou o primeiro semestre – Heloísa esteve algo como oito vezes no Rio de Janeiro, quatro vezes
Como parte da agitação sistemática – a campanha eleitoral vai colocar o partido em ação neste sentido –, precisamos desde já ir para as ruas. Não é preciso haver campanha eleitoral para aparecer junto ao povo. É importante não esperar a campanha e nem parar depois dela. Exemplo disso são os comícios, isto é, as agitações que realizamos já há três anos,
Executiva Nacional do PSOL
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